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Estudo liga tatuagens com risco maior para desenvolver câncer
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Tatuagens vem se tornando mais populares ao longo dos anos, mas ainda não sabemos quais são seus riscos para a saúde a longo prazo.
- Por Camilla Ribeiro
- 07/06/2024 21h46 - Atualizado há 6 meses
Por muitos anos o efeito colateral mais grave das tatuagens era o arrependimento. No entanto, um novo estudo indica que pode haver coisas piores para se preocupar do que isso.
Agora as tatuagens são um meio convencional de expressar a identidade ou comemorar marcos na vida.
No entanto, sabemos muito pouco sobre seus efeitos de longo prazo para a saúde humana.
Produtos químicos com alta periculosidade estão presentes na tinta de tatuagem e têm recebido atenção na Europa nos últimos dez anos.
Em uma outra vertente, pesquisas apontaram que a tinta injetada na pele para tatuar não permanece lá.
Ao receber a tinta da tatuagem o corpo reconhece a mesma como algo estranho que precisa ser removido.
A tatuagem provoca uma resposta imune que resulta em uma grande fração de partículas de tinta acabando nos gânglios linfáticos.
Faltava descobrir como a tinta de tatuagem depositada no sistema linfático poderia afetar a saúde das pessoas?
Pesquisadores da Universidade de Lund, na Suécia, realizaram um grande estudo para responder se ter tatuagens no corpo pode aumentar o risco de linfoma maligno, forma rara de câncer que afeta os glóbulos brancos (linfócitos).
O estudo foi publicado recentemente na revista eClinicalMedicine.
A população em que a cada cinco pessoas mais de uma é tatuada, a Suécia é um dos países mais tatuados do mundo.
O país tem uma longa tradição de manter registros detalhados da população; por exemplo, o Registro Nacional de Câncer inclui todas as pessoas que tiveram um diagnóstico de câncer.
A pesquisa incluiu todas as pessoas na Suécia que foram diagnosticadas com linfoma na idade de 20 a 60 anos entre 2007 e 2017. Para cada pessoa com linfoma, foram identificadas três pessoas aleatórias do mesmo sexo e idade, mas sem linfoma (os “controles” usados para comparação).
Participantes da pesquisa responderam um questionário sobre seu estilo de vida, e aqueles que eram tatuados foram questionados sobre o tamanho da tatuagem, há quanto anos fizeram a primeira tatuagem e as cores da tatuagem.
O estudo incluiu 5.591 pessoas (1.398 casos e 4.193 controles).
A pesquisa concluiu que as pessoas tatuadas apresentavam um risco 21% maior de desenvolver linfoma do que as pessoas sem tatuagens, após levar em conta o status de fumante e o nível de escolaridade (ambos são fatores que podem estar associados à realização de uma tatuagem e ao desenvolvimento de linfoma).
O linfoma é uma doença muito rara e que o aumento do risco está relacionado a um risco de base muito baixo.
Segundo o National Board of Health and Welfare (Conselho Nacional de Saúde e Bem-Estar), 22 em cada 100.000 pessoas na faixa etária de 20 a 60 anos foram diagnosticadas com linfoma na Suécia em 2022.
O tamanho da tatuagem não importa
De acordo com a pesquisa o tamanho das tatuagens não importa no aumento do risco. O que importa era o tempo.
O risco é maior para tatuagens novas (feitas até dois anos antes) e para tatuagens mais antigas (feitas há mais de dez anos).
Ainda não cabe fornecer nenhuma recomendação sobre tatuagens e prevenção da saúde com base nesse único estudo.
Para isso são necessárias mais pesquisas.
No entanto, esta pesquisa nos mostra é que, para as pessoas com tatuagens, é importante estar ciente de que elas podem ter efeitos sobre a saúde, e que é preciso procurar atendimento médico se tiver algum sintoma que possa estar relacionado à tatuagem.
Como as pessoas continuarão a se tatuar, é preciso garantir que isso seja feito da forma mais segura possível.